Impactos dos Megaeventos
Em virtude da realização da Copa do Mundo no Brasil em 2014, e dos Jogos Olímpicos de 2016 no Rio de Janeiro, a equipe do Observatório tem voltado atenção para a questão dos impactos que os megaeventos trazem para a cidade. Desde a iminência da realização do Pan-Americano de 2007 tais eventos têm justificado a maior parte das intervenções urbanas realizadas na cidade e a criação de políticas, sobretudo na área de segurança pública. No contexto do “empresariamento urbano”, posto em prática na cidade do Rio de Janeiro a partir da administração do Prefeito César Maia, os Megaeventos esportivos são tratados como uma oportunidade de divulgação da imagem da cidade: prática muito valorizada neste modelo de gestão que instaura uma verdadeira competição entre as cidades pela atração de investimentos e posicionamento de destaque na rede global.
Neste sentido, as intervenções urbanas e políticas criadas para adequar a cidade para realização destes grandes eventos subordinam as demandas da cidade à lógica do mercado, o que de certa forma vem requalificando o quadro conflituoso da cidade.
Por esta razão, a equipe do Observatório tem feito um levantamento dos conflitos relativos aos megaeventos durante todo o recorte temporal do Observatório. A intenção é avaliar de que forma a dinâmica de megaeventos vem produzindo conflitos, silenciando outros e consolidando uma tendência de aprofundamento das linhas conceituais do planejamento estratégico.
A equipe do Observatório também têm se inserido em espaços de debate e de resistência frente aos Megaeventos.
Um deles é o Conselho Popular do Rio de Janeiro que, com o apoio da Pastoral de Favelas, reúne moradores de uma série de comunidades ameaçadas de remoção, membros de Movimentos Sociais pela moradia digna, a Defensoria Pública e outros militantes, na tentativa de dar suporte e buscar mecanismos de defesa para a causa destes moradores.
Ver mais em:(http://conselhopopular.wordpress.com/)
Outro espaço é o Comitê Popular da Copa e Olimpíadas do Rio, criado no Fórum Social Urbano em 2010. Este fórum reúne um conjunto de organizações sociais e acadêmicas, bem como lideranças populares e vem discutindo estratégias para enfrentar o modelo excludente de política urbana associada a construção de imagem de cidade global a partir dos Megaeventos Esportivos.
Ver mais em:
(http://comitepopulario.wordpress.com/)
Os vídeos apresentados fazem parte de uma reportagem realizada pela emissora ESPN, para o programa "História do Esporte". Trazem como temática as diversas remoções que estão sendo realizadas por toda cidade em virtude dos Megaeventos, apresentam entrevistas e denúncias que estampam a ilegalidade destas ações e a violação, por parte do poder público, dos direitos dos moradores atingidos. O segundo vídeo exibe uma entrevista com a ex-coordenadora, Roberta Fraenkel, do Núcleo de Terras e Habitação (NUTH), afastada pelo Defensor Geral, Nilson Bruno. A função do NUTH, órgão da defensoria, é justamente questionar na justiça as remoções de favelas em função das áreas de risco ou das obras para atender os megaeventos esportivos na cidade nos próximos anos. Entretanto, o defensor-geral Nilson Bruno, quando questionado sobre sua decisão, afirmou que o núcleo não dialogava com a direção da instituição. Segundo ele, o grupo se envolveu excessivamente com movimentos sociais e não buscava negociar com a prefeitura. Após o afastamento de Roberta, mais quarto defensores públicos do NUTH entregaram o cargo.
Na reppotagem da ESPN, Roberta denúncia o jogo de empurra por parte da Prefeitura e do Governo do Estado, que quando questionados sobre a remoção da Vila Autódromo, em Jacarepaguá, apontam a decisão como exigência do COI - Comitê Olímpico Internacional.